A Organização Internacional do Trabalho publicou o relatório "O Mundo do Trabalho 2014", onde analisa o desempenho de 140 países em desenvolvimento. Sobre Portugal, diz que a recuperação do emprego nos próximos anos será insuficiente para absorver a alta taxa de desemprego.
O relatório aponta ainda que nos próximos cinco anos, 90% dos empregos serão criados nas economias emergentes e nos países em desenvolvimento, provocando alterações nos fluxos migratórios. "A migração Sul-Sul já está em ascensão, com trabalhadores a deixarem economias desenvolvidas, especialmente a europeia, afetadas pela crise, por oportunidades de trabalho em países em desenvolvimento", afirmou o vice-diretor do Departamento de Investigação da OIT, Moazam Mahmood.
A OIT estima que ainda existam 839 milhões de trabalhadores a ganharem menos de 2 dólares por dia, o que representa um terço da força de trabalho mundial.
A OIT estima que ainda existam 839 milhões de trabalhadores a ganharem menos de 2 dólares por dia, o que representa um terço da força de trabalho mundial. No início do novo milénio, os trabalhadores na pobreza representavam cerca de metade do total da força de trabalho. Mas para acompanhar a entrada dos jovens no mundo laboral, a OIT prevê que é necessária a criação de 213 milhões de empregos nos próximos cinco anos.
O desemprego jovem veio para ficar e alastra nas economias em desenvolvimento, em particular no Norte de África e no Médio Oriente e é um fator central para explicar a emigração de jovens qualificados.
Conselhos da OIT: proteger a contratação coletiva e os direitos laborais
No relatório divulgado esta terça-feira, a OIT diz que "é crucial evitar uma concentração do crescimento económico em poucos setores orientados para a exportação e com ligações limitadas ao resto da economia" e contraria a ideia de que a liberalização das leis laborais conduz a mais emprego, apontando o exemplo da Argentina, que atacou a precariedade com abordagens pragmáticas, combinando reforma fiscal, proteção social, diminuição da burocracia para as empresas e melhor aplicação da lei".
Outros bons exemplos de como "a proteção social ajuda a reduzir a incidência da pobreza e a vulnerabilidade do emprego" são programas como o da Bolsa amília no Brasil ou a lei Mahatma Gandhi para o emprego agríola na Índia, bem como programas semelhantes em Cabo Verde ou a taxação das exportações de gás e petróleo na Bolívia para proteger o sistema de pensões.
"Recuperação do emprego em Portugal será insuficiente para absorver a taxa de desemprego"
Referindo-se em concreto à situação em Portugal, diretor do Instituto Internacional de Estudos Sociais da OIT, Raymond Torres, antevê que embora o país devesse apresentar nos próximos anos um crescimento do emprego superior à média, ele "não seria suficiente para absorver a taxa de desemprego, muito elevada no país".
Raymond Torres defendeu que os salários em Portugal não podem continuar a ser cortados. "Ao contrário, uma progressão moderada e em linha com a produtividade manteria o crescimento sem afetar a competitividade", contrapôs. Para que a taxa de desemprego europeia desça para a casa dos 11% é necessário criar 2 milhões de empregos até 2019, propõe a OIT.
Esta notícia mostra-nos que o relatório "O Mundo do Trabalho 2014" que avalia o desempenho de 140 países, nos diz que a recuperação de emprego em Portugal não vai ser suficiente para absorver a taxa de desemprego. Deste modo, a OIT deixa-nos alguns conselhos.
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